sábado, 15 de outubro de 2016

Turritopsis dohrnii: O ser imortal!

O animal.
© Peter Schuchert / The Hydrozoa Directory
  Há algum tempo atrás, postei aqui no blog uma matéria a respeito dos tardígrados, minúsculos animais praticamente indestrutíveis, resistindo até mesmo ao vácuo do espaço sideral, mas que se não estiverem em estado de criptobiose vivem apenas algumas semanas. Há um outro animal, não tão resistente quanto os tardígrados, mas que obtém sucesso onde eles falham: este animal pode, teoricamente, viver para sempre. Senhoras e senhores, meninos e meninas, hoje lhes apresento a água-viva Turritopsis dohrnii, o ser imortal! Para saber um pouco mais, clique em "Leia mais" logo ali embaixo!


  Pequenos em tamanho, com apenas um centímetro de diâmetro, essas medusas possuem uma grande habilidade que intriga a todos e que a torna, teoricamente, um ser imortal: a capacidade de reverter o seu ciclo de vida. Para entender melhor, vamos então dar uma olhada em qual é o seu ciclo de vida:
Um pólipo.
© Maria Pia Maglietta
  Como quase todos os hidrozoários (um exemplo conhecido de hidrozoário é a caravela portuguesa), a Turritopsis dohrnii inicia o seu ciclo de vida em uma forma larval livre-natante chamada de plânula, formada a partir dos ovos fertilizados da espécie; a plânula então desenvolve-se e dá origem a uma colônia de pólipos, estabelecidos no fundo do mar; são os pólipos que vão dar origem aos indivíduos da espécie, por meio de um tipo de reprodução assexual. De cada pólipo, surgem diversos indivíduos, e todos os indivíduos originários de um mesmo pólipo são cópias genéticas idênticas, ou seja, clones; são eles que botarão e fertilizarão novos ovos e darão continuidade a espécie.
  Esse então é o ciclo de vida da Turritopsis dohrnii. Como todos sabemos, o ciclo da vida é: nasce, cresce, reproduz-se e morre, certo? Não com essa água-viva, pelo menos. Quando submetida a traumas físicos, estresse ambiental, doenças ou simplesmente fica velha demais, ela pode reverter seu ciclo de vida, de um indivíduo adulto sexualmente maduro para o estado de pólipo sexualmente imaturo, dando origem a um novo ciclo de vida (com uma única diferença: no processo de reversão do ciclo de vida, antes da medusa voltar a ser um pólipo, primeiro ela se transforma em um pequeno cisto de tecido, depois transformando-se em um pólipo), sendo capaz assim de enganar a morte. É como se você, próximo da morte, fosse capaz de voltar a ser um zigoto, evitando a sua morte. Essa habilidade de 'voltar no tempo' ou 'crescer ao contrário' rendeu a essa espécie o apelido de água-viva Benjamin Button.

A esquerda, o ciclo de vida natural da água-viva (gâmetas - plânula - pólipos - fase adulta)
A direita, o ciclo de vida revertido da água viva (qualquer fase, desde uma medusa recém formada
até uma medusa totalmente crescida e sexualmente matura - cisto de tecido - pólipo)
  Teoricamente, esse processo pode ocorrer infinitas vezes, o que tornaria essa criatura biologicamente imortal. Porém, pode ser que 'imortal' não seja a palavra adequada para caracterizar esse animal. Em laboratório ou quaisquer outras condições controladas, a água-viva Benjamin Button tem 100% de chances de sobreviver a traumas físicos, estresse ambiental, a idade e a outras condições ao reverter seu ciclo de vida e voltar a ser um pólipo, porém, no meio ambiente pode não ser muito fácil para esses animais realizarem sua façanha, afinal, trata-se de um processo que necessita de um pouco de tempo para ser realizado, e na natureza ninguém tem tempo, por isso muitas vezes esses indivíduos sucumbem principalmente a predadores. Ou seja, é e não é imortal - em laboratório consegue reverter seu estado quantas vezes quiser, mas na natureza é tudo muito mais difícil e muitas vezes não consegue completar o processo e morre. Há também uma teoria que diz que com o passar do tempo, quanto mais vezes esse processo for realizado, haverá um certo ponto em que os indivíduos gerados pelos novos pólipos serão mais fracos que os anteriores, e também serão incapazes de realizar esse processo. Intrigante, não é?

Classificação cientifica:

• Nome cientifico: Turritopsis dohrnii
• Reino: Animalia
• Filo: Cnidaria
• Classe: Hydrozoa
• Ordem: Antheothecata
• Família: Oceaniidae
• Gênero: Turritopsis

Fontes:

• Strange Animals
• Superinteressante
• Wikipédia

© Autor desconhecido

Um comentário:

  1. Não fora o artigo do Ricardo Araújo Pereira e ficaria sem conhecer o fenómeno da vida eterna da Turritopsis Dohrnii,a tal,vulgo alforreca sempre viva.Obrigado ao Ricardo

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